Tribunal de Justiça Desportiva
do Futebol do Estado do Rio de Janeiro

Notícias

Home » Notícias » Carioca 2020: jogo limpo dentro e fora de campo

Carioca 2020: jogo limpo dentro e fora de campo

Ética, disciplina e respeito devem nortear mais uma edição do campeonato; auditores alertam para a importância de condutas exemplares de atletas, dirigentes e torcedores

18/01/2020

Carioca 2020: jogo limpo dentro e fora de campo

A fase principal do Campeonato Carioca começa neste sábado (18), quando a bola rola em quatro estádios, pela Taça Guanabara. Madureira, Macaé, Resende e Volta Redonda mandam os jogos contra Portuguesa, Flamengo, Boavista e Botafogo, respectivamente. No domingo (19) é a vez do Vasco receber o Bangu e a Cabofriense o Fluminense. A tabela completa está disponível no site da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro. 

Em 2020 o grande homenageado será o Maracanã, que completa 70 anos no dia 16 de junho. Durante a Cerimônia de abertura do Campeonato Carioca, que contou com a presença de diversos membros do TJD-RJ, foi anunciado que o estádio dará nome ao troféu da competição.

Além da competitividade que se espera a cada edição, há também a preocupação com a ética, a disciplina e o respeito, que são bases que norteiam uma competição saudável.

– Na condição de auditora, tendo a honra de integrar o Tribunal Desportivo Carioca, assim como nós teremos nossos deveres éticos e disciplinares a cumprir, a expectativa no novo campeonato é de recebermos cada vez menos questões relacionadas ao lado ético desse espetáculo. Que jogadores e gestores portem-se no meio do futebol, no âmbito da sua profissão, sob um conjunto de valores onde seja inquestionável que todo o comportamento discriminatório, como o sexismo, a homofobia e o racismo, constitui violência. Precisamos colaborar, educar, reeducar e conscientizar. É imperativo nortear nossos atletas e todos os jurisdicionados da Justiça Desportiva para que consolidem seus papéis também como instrumentos de construção da cidadania. Haverá sempre matérias disciplinares, o que é “do jogo”, a falta, o pênalti, um atraso de partida, uma inobservância de regra, enfim, sempre haverá aspectos para serem denunciados e julgados, mas, de fato, a expectativa é de que o nosso futebol não seja destaque por nenhuma forma de preconceito e violência – destacou Christiane D’Elia, da Terceira Comissão Disciplinar.

Em 2019 não foram raros os casos de racismo no futebol. No dia 11 de novembro, por exemplo, o Vasco foi multado em R$ 20 mil em primeira instância por um grito racista de uma “torcedora” contra a árbitra assistente Paola Rodrigues, durante uma partida do Campeonato Feminino Adulto. A multa caiu para R$ 1 mil no julgamento do recurso.

Marcelo Avelino, membro da Quinta Comissão Disciplinar, que julgou o caso de racismo contra a assistente, falou sobre a importância de campanhas de prevenção a atos discriminatórios.

– Não é raro nos depararmos com episódios lamentáveis nas praças de desportos envolvendo racismo, discriminação e intolerância no futebol. Esse estigma vem aumentando significativamente, tanto nas competições internacionais quanto em nossos campeonatos nacionais e regionais. Especificamente no Brasil, não há o cuidado devido que a matéria necessita e acaba por vezes não existindo campanhas, ações por parte do Governo, de combate ao racismo e de penalização adequada, revertendo-se na maior parte dos casos de racismo (crime inafiançável) em injúria racial. Atos discriminatórios e preconceituosos cometidos no ambiente esportivo merecem ser punidos exemplarmente, conforme determina o artigo 243-G do CBJD, a fim de que se busque o exaurimento, in totum, do racismo. Imperioso intensificar as campanhas através de “workshops”, mesas-redondas e torneios envolvendo adeptos, Clubes, Federações, minorias étnicas e organizações que visam aumentar a consciência pública para a intolerância, discriminação e o racismo no futebol, bem como depoimentos e mensagens dos atletas e capitães das respectivas equipes. Tais medidas visam combater de forma eficiente o comportamento racista nas partidas de futebol – pontuou Marcelo Avelino.

O TJD-RJ, através da Procuradoria e dos membros julgadores, observará cada partida, tanto dentro das quatro linhas quanto nos demais ambientes das praças esportivas, a fim de garantir que atitudes que fujam à ética, à disciplina e ao respeito sejam julgadas e punidas com o rigor inerente a cada ato.

Elise Duque/Assessoria TJD-RJ
Foto: Divulgação/Agência FERJ